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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007


Uma simulação feita em um supercomputador do Laboratório Sandia, nos Estados Unidos, mostrou que um pequeno asteróide que entre na atmosfera terrestre pode fazer um estrago muito maior do que se imaginava até agora.

Evento Tunguska

No dia 30 de Junho de 1908, um evento ainda não completamente explicado destruiu 80 milhões de árvores em uma área de 2.150 quilômetros quadrados na região de Tunguska, na Rússia. Calcula-se que a explosão foi equivalente a 1.000 bombas atômicas iguais à de Hiroshima.

O chamado Evento Tunguska até hoje é motivo de disputas apaixonadas entre aqueles que acreditam que a explosão tenha sido causada por uma experiência do cientista Nikola Tesla, por um buraco negro, antimatéria e até pela queda de um disco voador.

Embora não haja nada do tipo "explicação oficial", a tese mais amplamente aceita pelos cientistas avalia que a devastação do Evento Tunguska foi feita pelo deslocamento de ar causado pela explosão de um cometa ou um meteorito a uma altitude entre 5 e 10 quilômetros.

Asteróide pequeno

Agora o pesquisador Mark Boslough, um dos maiores pesquisadores do assunto, descobriu que um asteróide não precisa ser grande como se imaginava para causar um efeito semelhante ou até maior.

"Nosso entendimento estava super simplificado," diz ele. "Nós não precisamos mais fazer essas considerações simplificadoras porque os supercomputadores atuais nos permitem fazer as coisas com alta resolução em 3-D. Tudo se torna mais claro quando você olha as coisas com ferramentas mais refinadas."

Necessidade de monitoramento

Como, estatisticamente, os asteróides pequenos atingem a Terra com muito mais freqüência do que os maiores, o cientista alerta que observar esss pequenos corpos celestes pode ser tão importante quando monitorar os maiores. "Nós devemos fazer mais esforços para detectar os pequenos do que vimos fazendo até agora," diz ele.

Jato de gás quente

A nova simulação mostra que o centro de massa de um asteróide explodindo acima do solo é transportado para baixo a velocidades superiores à velocidade do som, na forma de um jato de gás de alta temperatura que se expande à medida em que dirige para o solo.

Essa bola de fogo gera grandes ondas de impacto e pulsos de radiação termal na superfície muito maiores do que se imaginava até agora. As simulações existentes levavam em conta apenas o impacto da explosão em cada altura estimada.

A nova simulação mostra que a enorme devastação do Evento Tunguska na verdade foi causada por uma explosão menor do que se imaginava até agora. Ou seja, asteróides pequenos podem fazer grandes estragos.

Bomba espacial

A simulação mostra que a massa do asteróide é comprimida pelo aumento na resistência oferecida pela atmosfera terrestre à medida em que ele se dirige para o solo. Quando ele atinge a parte mais densa, já próximo à superfície, a atmosfera se transforma em um verdadeiro muro de resistência, que faz com que o asteróide exploda, criando um jato de gás quente que atinge a superfície, juntamente com um deslocamento de ar muitas vezes mais poderoso do que os mais violentos tufões.

Tamanho do asteróide

O efeito é tão devastador que os cientistas descobriram que o Evento Tunguska foi produzido por uma explosão entre três e cinco megatons e não 20, como se acreditava até agora.

Não é possível precisar o tamanho do asteróide porque não há informações sobre sua velocidade e sobre as características do material de que era formado - um pequeno asteróide sólido pode ter um efeito explosivo muito maior do que um que seja formado por material poroso, considerando que os dois tenham a mesma velocidade ao atingir a Terra.

Sobre o mesmo assunto, veja também a reportagem que publicamos há poucos dias: Brasil está entre países que mais sofreriam com impacto de asteróide).

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